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Seu espartilho invisivel
Séc XXI, duas amigas conversam enquanto tentam comprar
biquínis para as férias de verão.
“Eu devia ter começado o Projeto Verão no Verão passado...”
“Juro que vou viver
só de água até janeiro!”
“Você viu como a Fernanda Lima ta chapada naquela capa da
revista? Aquilo sim é barriga negativa!”
![]() |
Kate Moss |
Quantas vezes não nos encontramos em diálogos parecidos? O
“corpo perfeito”, o objetivo de nós, mulheres malucas, encanadas, vidradas em revistas com fórmulas mágicas como “EMAGREÇA COMENDO
PÃO” ou “O SEGREDO PARA EMAGRECER É O CHÁ AZUL” e então compramos a revista e
dentro tem uma dieta tão maluca que você emagreceria horrores até sem o bendito
liquido. Mas a culpa, Sra. Mulher- Encanada-Com-A-Barriga-Positiva, não é sua,
então não encane com isso também!
A necessidade de uma vida mais prática libertou as mulheres
dos espartilhos após a primeira guerra, antes, bem antes, a mulher já havia
passado por torturas estéticas o bastante que modificaram seus corpos e
prejudicaram sua saúde, mas mesmo sem as amarras, nós, mulheres, fofas,
maravilhosas, continuamos a seguir padrões pré-estabelecidos (como sempre, será
que isso ta escondido em algum lugar do duplo X?).
A cintura fininha nos anos 50, os corpos de academia dos
anos 80, a estética “drogada, anoréxica, jogada no chão da sala” dos anos 90
com a diva-mor Kate Moss (e suas fotos feitas por Corinne Day), marcaram
pontualmente a história da moda, mas talvez nada, N-A-D-A, tenha influenciado
mais mulheres que o Photoshop, aquele software aparentemente inofensivo que te
faz pensar que celulite é um extraterrestre que mora nos seus glúteos, se alimenta
de refrigerante e planeja dominar o mundo (para entender melhor sobre esse ET,
assista esse vídeo aqui).
O grande problema é que muitas vezes exigimos padrões
irreais, construídos pelas mulheres da mídia através de 12 horas de academia, 3
de pilates, muita salada, chá verde (carbox, lipospiração) e PHOTOSHOP, basta
ir à praia, clube ou mesmo caminhar na sua cidade num dia mais quente, em que
as pessoas deixam mais pele à vista, esses são os corpos normais, gente que tem
celulite, que tem pãozinho no braço, que tem pelanquinha no tchauzinho, gente
que tem pneuzinho, que tem pochete, gente como a gente, que come chocolate, que
vai em churrasco e não se contenta só com a salada, que vai no rodízio de pizza
e sai de lá com o botão da calça aberto, mas feliz. Deveriam ensinar na escola
que o número da sua calça não tem nada a ver com ser bonito ou descolado ou
seja lá o que for.
Eu sei o quanto é difícil se libertar das amarras, enquanto
falo isso tomo meu shake da Herbalife e tomo meus bons choques com meu TotalShape
da Polishop, mas ter consciência de que estamos em busca de um pote de ouro no
fim do arco Iris já é um começo...
(Se alguem souber os créditos das imagens me avisem, que eu não consegui encontrar)
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